O fomento de uma sociedade sustentável através do apoio a startups com propósito ecológico, ambiental ou social
Por André Barrence, diretor do Google for Startups na América Latina
Por anos os alertas científicos sobre o aquecimento global e as instabilidades biológicas ocasionadas pelo uso inconsciente dos recursos naturais pareciam uma realidade distante. Não afirmo isso de forma negacionista, mas talvez porque as previsões que falavam sobre 30 ou 40 anos futuros nos deram a falsa sensação de que tínhamos tempo de sobra para buscar soluções para esses problemas e colocá-las em prática. Os anos passaram e o derretimento das calotas polares, as queimadas ocasionadas pelo calor excessivo e a destruição das chuvas tornaram o equilíbrio entre o meio ambiente e a vivência humana o assunto urgente da atualidade. Chegamos à tão comentada década de 20 dos anos 2000.
Somente no primeiro semestre de 2022 já tivemos diversos exemplos desses desequilíbrios: as chuvas em Pernambuco que deixaram mais de 120 mil pessoas desalojadas, as ondas de calor na Europa que bateram recordes históricos, os alertas sobre o derretimento das geleiras na Groenlândia e a devastação da Floresta Amazônica, que já é considerada a maior em 15 anos. Relembrar esses fatos e se deparar com tantos outros novos é um lembrete de que precisamos urgentemente falar de ações sustentáveis e inseri-las, cada vez mais, na nossa vida cotidiana.
Esse sentimento de urgência também foi sentido por algumas startups do Brasil que, assim como diversas empresas no mundo, têm o ESG como referência. O conceito, que envolve boas práticas ambientais, sociais e de governança, incluindo desde ações pontuais até as de impacto mundial, já está presente em mais de 300 negócios, de acordo com GrowthReport ESG e Inovação, da ACE Cortex. No entanto, esse número ainda é baixo comparado à quantidade de startups de todo o ecossistema brasileiro. De acordo com a pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups) em 2021, 56,1% dos negócios mapeados declararam não ter iniciativas reconhecidas com práticas de ESG.
Um olhar para o presente e para o futuro
Atentos às urgências ecológicas e aos movimentos do ecossistema de startups no Brasil, nosso time anunciou em junho, durante o evento anual Google for Brasil, uma edição inédita do Google for Startups Accelerator, focado especificamente em acelerar startups que trabalham com soluções voltadas à sustentabilidade. A divulgação fez parte da apresentação de uma série de iniciativas focadas em preservação, que reafirmam o compromisso do Google com o meio ambiente e com a vida. Hoje tenho o prazer de apresentar as 10 startups selecionadas para compor esta edição do programa, que iniciarão as atividades propostas pelo nosso time ainda este mês.
Em um período de três meses, as startups selecionadas para o programa terão acesso a créditos para utilizar produtos do Google focados em Cloud, Machine Learning, Android e Web, mentorias e conexões com outras empresas que também desenvolvem soluções com auxílio de tecnologia para problemas de sustentabilidade e mudanças climáticas.
Conheçam as selecionadas e o trabalho que desenvolvem:
Carbonext: startup que atua na proteção de áreas da Floresta Amazônica por meio de projetos de desenvolvimento sustentável;
Clarke Energia: startup que conecta empresas aos melhores fornecedores de energia;
Incentiv.me: startup que conecta empresas e projetos sociais, transformando impostos em impacto positivo na sociedade;
Lemon Energy: marketplace de energia renovável,que conecta pequenas empresas a geradores de energia elétrica limpa, como solar, eólica, biogás e pequenas hidrelétricas;
ManejeBem: software para assistência técnica agrícola que conecta o produtor familiar à indústria e promove a coleta de dados sociais, ambientais e econômicos de comunidades rurais;
Octa: plataforma que visa profissionalizar o setor de desmontagem veicular facilitando a reciclagem e o acesso de pessoas e empresas a peças usadas;
Quiron Digital: startup que utiliza dados de satélites e nano satélites para monitorar remotamente ameaças florestais;
Ribon: plataforma digital que tem como objetivo unir doadores e transformar a cultura de doações no Brasil, tornando a prática um hábito;
Super Opa: marketplace que conecta distribuidoras a consumidores finais para a venda de produtos que estão próximos do vencimento por preços mais acessíveis;
Tarvos: plataforma digital que integra estações automáticas no monitoramento de pragas agrícolas.
Soluções como a dessas startups que nos ajudam a prever, alertar ou resolver questões ambientais e sociais tão latentes merecem a nossa atenção. Esperamos que o Accelerator seja uma forma de contribuir com elas.