Além da beleza: como o Ahazou evoluiu a oferta de produtos e expandiu suas áreas de atuação
Em 2013, o empreendedor Rui Miadaira teve a grande ideia que revolucionaria a sua trajetória: criar uma plataforma de empregos voltada única e exclusivamente para os profissionais do informal setor de beleza. Assim surgiu a Carreira Beauty, startup com a proposta de ser uma espécie de LinkedIn para manicures, cabeleireiros e esteticistas. O negócio teve sucesso por três anos, até Rui perceber que não é possível falar de profissionais da beleza sem falar de clientes. E foi quando a ficha caiu: tão importante quanto oferecer empregos para esse setor, era ajudar os profissionais que nele atuam a criar e manter uma carteira de clientes. Esse foi o pivô da mudança que transformou o Carreira Beauty no Ahazou: uma plataforma que oferece serviços de marketing de conteúdo a um preço acessível para microempreendedores da área de beleza.
“Com o passar do tempo, fomos entendendo que a melhor forma de ajudar o setor era na construção de uma carteira de clientes, e não na oferta direta de empregos”, explica o fundador. O serviço começou de forma simples. Por um bom tempo, tiveram apenas um produto: ajudar os profissionais a divulgarem seu trabalho nas redes sociais. Para isso, o Ahazou contava com uma equipe focada na produção de conteúdo, que criava micro posts para os empreendedores. Depois disso, a startup também passou a oferecer uma espécie de consultoria, recomendando o que os profissionais deveriam postar em cada dia da semana para serem vistos e lembrados pelos clientes. “Passamos a oferecer orientações sobre quais os melhores dias para divulgarem os tratamentos que oferecem, promoções, sorteios, e até a recomendar mecânicas para usarem as redes sociais para construir o portfólio de cliente”, detalha. Com conteúdo, o profissional consegue divulgação. E com a divulgação, ele expande a clientela.
Olhando no espelho
Quando entrou para o Programa de Residência, no começo de 2019, Rui imaginava que o foco das mentorias seria a tecnologia. “Aprendemos muito sobre cloud e machine learning, mas o ponto mais forte do programa foi a parte de processos. Aprendemos a recrutar as pessoas certas para o que precisávamos dentro do Ahazou”, explica o executivo. Com a mentoria voltada para pessoas, a startup subiu a régua de qualidade das contratações e conseguiu encontrar os talentos mais adequados para montar o time dos sonhos, além de entender melhor como estruturar os processos internos. “Com a ajuda das mentorias, olhamos para o nosso negócio e entendemos quem queríamos ter por perto para fazer parte dele”.
Ao fim da residência, o Ahazou tinha conquistado um aumento de 50% no faturamento e uma base de clientes 60% maior. “O selo do Google nos aproximou de investidores, e logo que o programa acabou, recebemos um aporte que foi essencial para nos preparar para o que estava por vir”, detalha.
A beleza que vem de dentro
Em outubro de 2019, dois meses após o encerramento da residência, o Ahazou foi selecionado para outro programa do Google for Startups: o Accelerator, com o desafio de escalar o produto. Segundo Rui, o programa os ajudou a entender a melhor forma de usar as ferramentas de marketing disponíveis, e como investir em cada uma delas de forma inteligente. Com isso, trabalharam em uma estratégia de Google Ads para aquisição de novos clientes. “Quando a pandemia chegou, no ano seguinte, tínhamos o know-how necessário para entrar em outros mercados sem sofrer grandes perdas”, conclui.
Com as reestruturações propostas pelas mentorias, o Ahazou se tornou uma plataforma 100% mobile, que usa a tecnologia para tornar seus serviços cada vez mais acessíveis. “Aprendemos a usar muito bem todas as ferramentas do Google a nosso favor, e a usufruir dessas soluções da melhor forma possível para escalar o nosso produto”, explica o empreendedor. Ao final do programa, a startup alcançou uma redução de 50% dos custos de ferramentas utilizando Firebase e Google Cloud Platform, e uma geração de leads 20% maior com o Google Ads. Além disso, o desenvolvimento de novas funcionalidades para o aplicativo mobile passou a ser três vezes mais rápido, enquanto a ferramenta de recomendação de conteúdo embarcada no app cresceu cerca de 30% em acurácia.
Repaginando o visual
Assim como tantas outras empresas, o Ahazou também sofreu com a pandemia de COVID-19 no começo de 2020. “Naquele momento, 90% da nossa base era de profissionais do setor de beleza, que foi fortemente impactado pelas regras do distanciamento social”, comenta Rui. “Vimos essa base se dissolver, e foi quando entendemos que poderíamos explorar outros mercados. Cabeleireiros estavam virando marmiteiros, personal trainers estavam trabalhando com entregas. Percebemos que muitos outros profissionais precisavam do serviço que tínhamos a oferecer”, complementa. A pandemia forçou a startup a sair da zona de conforto e, graças aos frutos colhidos com os dois programas, ela conseguiu mudar de direção e expandir a área de atuação. “Em junho começamos a crescer e não paramos mais. Aumentamos quatro vezes o nosso faturamento”, comemora o fundador.
Prata da casa
Com as experiências de um Programa de Residência e um Accelerator na bagagem, no começo de 2020 Rui foi convidado a ser um dos mentores do Startup Zone. “Considero isso como parte da minha missão de vida. É extremamente prazeroso e gratificante”, comenta o executivo. Segundo ele, o ponto com o qual mais ajudou as startups durante o programa foi nas relações com investidores. “Tomei muitos ‘nãos’ durante a minha jornada e acredito que consegui ajudar bastante os fundadores que participaram das minhas mentorias”, complementa. “Outros dois pontos que busquei abordar foram os que aprendi quando estava do outro lado: pessoas e processos. Saber como construir um time e fazer a gestão desses talentos é a base de um bom negócio”, conclui.
Além disso, Rui comenta que os programas ajudaram a estreitar o relacionamento com o Google, e até hoje ele busca por suporte dentro do Google for Startups sempre que considera necessário. “Agora estamos numa fase de ganhar escala. Já acionei o time do Google, que sempre se mostrou disponível, mesmo depois de dois anos do encerramento dos programas. Criar esses laços é muito gratificante. Eu me sinto muito à vontade para pedir esse suporte, porque o Google consegue ajudar qualquer startup independente do momento pelo qual ela esteja passando”, finaliza o fundador.