Fintech goiana EasyCrédito antecipa análise de crédito sem burocracia
Ao longo dos quase dez anos em que trabalhou no mercado financeiro, o economista Marcos Túlio Ramos sempre considerou os algoritmos e os modelos de créditos dos bancos altamente ineficientes. Tanto que, nesse período, as operações de crédito mais difíceis de serem aprovadas geralmente caíam em suas mãos.“No bom sentido da palavra, sempre fui um hacker de crédito”, brinca.
Quando, em 2012, decidiu sair do emprego para investir na sua própria consultoria, ele observou outra situação: havia um grande desequilíbrio de informações nos processos de decisões de crédito, o que provocava altas taxas de reprovação nas instituições e a frustração de muitos clientes. “A gente identificou a necessidade de antecipar a análise de crédito e diminuir esse tipo de assimetria.”
Por um tempo, Marcos ofereceu esse serviço de forma offline. Mas, em meados de 2015, surgiu o insight: “E se eu tentar ajudar pessoas a conseguir crédito pela internet?”. Assim nascia o EasyCrédito, plataforma que conecta pessoas que precisam de crédito com empresas que oferecem opções de empréstimo, financiamentos e cartões a partir de um algoritmo que analisa cada perfil e aumenta as chances de o consumidor ter o crédito aprovado.
Acesso a uma nova rede
Para o time de cinco sócios, o primeiro desafio era transmitir confiança: tanto para os consumidores – que ainda não estavam familiarizados com os serviços de uma fintech e com a possibilidade de realizar transações financeiras no ambiente digital – quanto para as empresas, que relutavam em investir tempo e dinheiro em negócios localizados em regiões com pouca relevância no mercado bancário, como Goiânia.
Além da sensação de isolamento comercial, dos obstáculos para arrecadar investimentos e do esforço para atrair uma boa equipe de tecnologia, os sócios do EasyCrédito também sentiam falta de trocar experiências com outros empreendedores. Esse cenário só começou a mudar em 2016, quando a startup foi selecionada para a primeira turma do Programa de Residência do Google for Startups.
Logo de cara, o acesso aos mentores e especialistas do Google e do mercado já demonstrava ser uma grande vantagem do programa. Quando se mudaram para São Paulo para se dedicar às atividades do Campus, é que os goianos descobriram que compartilhar conhecimentos e necessidades com os fundadores de outras startups também era uma oportunidade única para o crescimento dos negócios. Segundo Marcos, “o networking é o ponto alto do que é proposto pelo Google for Startups”.
Impacto no crescimento
O programa do Google for Startups também ajudou o EasyCrédito a crescer em produto, aprimorando a sua tecnologia. Durante o Programa de Residência, a startup migrou a sua estrutura para o Google Cloud e ganhou muito em eficiência operacional.
Com o suporte do time do Google, passaram a usar a API do Google Cloud Video Intelligence, que reconhece texto em imagens, e eliminou a necessidade de ter um profissional alocado para analisar, um a um, os documentos enviados pelos usuários do EasyCrédito. “Usando essa ferramenta do Google, que veio praticamente pronta, a gente conseguiu ganhar uma eficiência muito maior na análise documental”, comenta Marcos.
Com a otimização de demandas, os números não demoraram para crescer. A empresa, que era composta por cinco fundadores e mais três desenvolvedores no início do programa, passou a ter, três anos depois, 24 funcionários. O mesmo fenômeno aconteceu com as propostas de crédito: antes do programa, o EasyCrédito acumulava cerca de 5.000 solicitações de crédito, quantidade que aumentou para 70.000 ao fim dos seis meses de Residência e que, hoje, já bate a casa dos 2,5 milhões.
Para Marcos, mais do que todas essas métricas, o grande legado deixado pelo programa do Google for Startups foi a conquista de um novo mindset: agora o EasyCrédito reconhece o mérito de ser uma startup que venceu as barreiras geográficas para se tornar um case de sucesso em tecnologia para finanças junto com o Google.