O poder da economia hiperlocal: Foozi conecta cozinheiros autônomos a vizinhos clientes
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O delivery já faz parte das nossas vidas há alguns anos, especialmente dos empreendedores gastronômicos, como o Marcos Zambalde, que possuía uma pizzaria na região de Betim, em Minas Gerais. Apesar do negócio em si ser lucrativo, ele enfrentava problemas recorrentes com os serviços de entrega, o que o levou a perceber algumas oportunidades nesse mercado. Assim, em 2015, Marcos deu os primeiros passos para criar o Foozi, um aplicativo que conecta cozinheiros autônomos a vizinhos em um plano de economia hiperlocal.
A proposta do Foozi é simples: assim como outros aplicativos de entrega, você seleciona o prato que deseja e recebe em casa. Porém, o alimento será preparado por algum cozinheiro autônomo cadastrado que esteja a uma distância máxima de 600 metros de sua residência, e a entrega é feita por ele mesmo. Os diferenciais do serviço estão na entrega e preparação dos pratos feita com mais dedicação e com redução de custos, uma vez que um cozinheiro doméstico não tem tantos gastos quanto um restaurante. Além de permitir que você se conecte com pessoas da mesma região em que mora.
Encontrando um sócio
Com essa ideia em mente, Marcos começou a construir o aplicativo ainda em 2015. “Convidei um programador e um responsável por marketing que trabalhavam em outros lugares, o que não deu muito certo no início pela falta de disponibilidade deles. Foi então que percebi que focar no Foozi e trazer pessoas realmente comprometidas seria essencial”, conta o empreendedor que optou por vender sua pizzaria em 2016 para colocar todo o seu foco no desenvolvimento da startup, e, para isso, se mudou para Belo Horizonte.
Na mesma época, quem também estava se instalando e se adaptando à vida na capital mineira era Amir Nasiri, um refugiado iraniano que veio para o Brasil com sua esposa e sua cachorrinha. Em seu país natal, além de engenheiro, Amir era chef de cozinha especializado em culinária persa. Conhecendo o amor do estrangeiro pela gastronomia, a síndica do prédio onde morava o apresentou a Marcos, que vinha batendo na porta de condôminos para prospectar os primeiros cozinheiros do Foozi.
O brasileiro buscava viabilizar o modelo do negócio, mesmo sem um aplicativo ainda. Amir foi o primeiro cozinheiro a concordar em fazer os testes, via WhatsApp. Após o sucesso nas vendas de almoços em sua vizinhança, conversaram por alguns meses até que o iraniano aceitou o convite para fazer parte do projeto, contribuindo com sua experiência na cozinha e fechando a parceria que moldou o futuro da startup.
Recomeço forçado
O primeiro grande desafio dos dois surgiu logo no começo da jornada, ao buscarem um programador para construir o aplicativo. O profissional contratado começou a não cumprir alguns prazos de entrega combinados para a primeira versão. Ele então exigiu uma quantia absurda em dinheiro para entregar o produto final. Marcos e Amir se recusaram a ceder às exigências do desenvolvedor e tiveram que começar todo o processo do zero novamente.
Depois desse problema, a dupla optou por seguir com uma empresa parceira de tecnologia, que foi a responsável por ajudar a lançar a primeira versão do Foozi em 2017, com atuação em Belo Horizonte. Os cozinheiros interessados precisam se cadastrar por meio do app apresentando a documentação exigida e um certificado de boas práticas. Caso o candidato não o tenha, o programa disponibiliza um curso, visando reforçar as técnicas adequadas no manuseio dos alimentos.
Enquanto aumentavam a rede de cozinheiros, os empreendedores perceberam que precisavam buscar um mercado consumidor maior: a cidade de São Paulo. Foi então que decidiram mudar todo o foco da sua operação para a capital paulista. Com a proposta de estimular uma economia hiperlocal, buscaram cozinheiros parceiros na região da Avenida Paulista para começar a divulgar o produto.
Trocas com outros empreendedores
Nesse momento em que consolidavam o seu negócio, o Foozi foi selecionado, no começo de 2020, para o Startup Zone, programa do Google for Startups Brasil para empresas em estágio inicial. Durante os 3 meses do programa, conheceram uma grande rede de empreendedores que os ajudaram a entender melhor os desafios do seu produto. “O fato de ver pessoas passando por problemas similares ou maiores que os nossos e encontrarem caminhos relativamente simples como soluções me ajudou a ver as coisas de forma mais direta e prática. Essa troca de experiências foi essencial. Me sentia feliz também quando ajudava outra startup participante em algum desafio parecido com o que já passamos”, conta Marcos.
Ao mesmo tempo em que participava do programa, Amir abriu um restaurante de culinária persa na Avenida Paulista, resgatando a sua paixão pela cozinha. Porém, logo após a inauguração veio a pandemia da COVID-19 e mais uma vez ele se tornou um dos principais cozinheiros do Foozi nesse período. Por conta desse cenário, a startup também zerou a taxa que cobrava dos parceiros. Tudo para estimular a economia hiperlocal e o mínimo deslocamento durante o distanciamento social.
Marcos e Amir saíram do programa do Google for Startups com seu modelo de negócios melhor definido e fortalecido. Agora, pretendem focar ainda mais na comunidade de cozinheiros, fortalecendo essa rede e estimulando maiores trocas de experiência entre eles, na busca de melhores resultados para cada um. “Ajudamos pessoas a virarem microempreendedores. Ensinamos pessoas físicas a como usar o nosso aplicativo para ganhar dinheiro com um fogão e uma geladeira em casa”, diz Amir.