Demanda cresce e Glic investe ainda mais em tecnologia para facilitar o controle da diabetes
O diabetes é uma das condições crônicas mais comuns em todo o mundo. Ela se caracteriza pela falta ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e o seu aproveitamento como energia para o corpo. Os tipos mais comuns são o diabetes 1 – quando o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina – e diabetes tipo 2 – o organismo não usa de forma correta a insulina que produz – sendo o segundo o mais comum e, geralmente associado aos hábitos alimentares e de exercícios físicos.
Ou seja, é uma doença que exige uma participação ativa dos pacientes para que o tratamento seja efetivo. Com a ingestão de açúcares e outros alimentos, os níveis de glicemia sobem e eles precisam controlá-los com a aplicação de insulina para regular o corpo.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, essa é a rotina de aproximadamente 13 milhões de brasileiros, incluindo a CEO do Glic, Claudia Labate, e a idealizadora da startup, a endocrinologista Karla Melo. O Glic é uma startup de tecnologia que desenvolve e gerencia softwares para facilitar o acompanhamento da evolução do diabetes tanto para o paciente crônico, quanto para o seu médico. Com inteligência de dados, reúne as informações relativas ao tratamento dentro de um só aplicativo.
Desde que o Glic começou a atuar no mercado das healthtechs, o aumento na procura e o uso da plataforma cresceram, especialmente com o início da pandemia da COVID-19. Com a alta demanda, os sócios da startup participaram do Google for Startups Accelerator para aprimorar o produto e tornar o controle da glicemia ainda mais fácil e rápido para o paciente. Conheça a história da startup e como foi a sua experiência durante o Accelerator.
O primeiro “estalo”
Dois anos antes do início do Glic, Karla fundou o Núcleo de Excelência em Atendimento ao Diabético, que faz parte do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Acompanhando os portadores da doença crônica de perto, observou que a maior dificuldade dos mesmos era a contagem de carboidratos, principal fator para controle da doença. Essa realidade motivou a médica a pensar em um projeto que pudesse facilitar a vida dos pacientes e assim, em 2004, surgiu o Glic.
A startup começou com uma URA (Unidade de Resposta Audível) para telefone, que respondia a dúvidas e fornecia informações sobre a doença e o seu acompanhamento. Anos depois, em 2016, Claudia Labate e Gabriel Moreira, CEO e COO do Glic, embarcaram no projeto. Então, começaram a investir em tecnologia com objetivo de facilitar o acompanhamento médico e apoiar pessoas com a doença crônica no dia a dia de seu controle e tratamento, como reforça o COO.
Além disso, o Glic também pode ajudar na redução de custos a curto e longo prazo, já que o tratamento de diabetes demanda gastos altos com insulina, agulha, seringas, fitas medidoras de glicose, aparelhos e outros. Com o Glic, o paciente vai aplicar a quantidade necessária de insulina e no tempo certo, terá controle das medições de glicemia e, como consequência, vai administrar melhor os gastos mensais. “A longo prazo, o maior benefício é evitar complicações da doença, morte prematura e tratamentos muito mais caros e complexos. Tudo isso a partir do monitoramento frequente da condição do corpo”, complementa Moreira.
Como funciona
Na hora do cadastro no aplicativo, o paciente registra a prescrição médica e, a partir do seu quadro de saúde, a plataforma calcula automaticamente a dose de insulina que ele deve aplicar após cada refeição. Também funciona como um diário de registro das taxas glicêmicas, que ajuda o paciente e o médico a acompanharem a evolução da doença durante o tratamento, de acordo com a variação dos níveis de glicemia.
“Cada interação do paciente com o aplicativo fica registrada e todos os dados vão para o prontuário na plataforma, que pode ser enviado diretamente para a equipe médica”, completa Gabriel.
Evolução do app e aceleração
Como o diabetes é uma condição pré-existente que aumenta o risco de infecções, como a COVID-19, o Glic viu o número de usuários ativos na plataforma e a frequência do monitoramento das taxas glicêmicas subirem. Até março de 2020, compartilha o COO, os usuários da plataforma faziam até três registros glicêmicos por dia. Quando a pandemia se agravou, esse número ultrapassou os cinco lançamentos por dia e por paciente.
“Com o isolamento social e a impossibilidade de consultar um médico, os pacientes com diabetes passaram a valorizar ainda mais o gerenciamento próprio da doença em plataformas como o Glic. Sem o tratamento adequado, eles – que já são do grupo de risco da COVID-19 – têm chance ainda maior de desenvolver hipoglicemia e outras complicações a longo prazo, como amputações, cegueira, entre outros”, relata Moreira.
Os fundadores tiveram um segundo semestre intenso: o aumento na procura motivou a entrada da startup no Google for Startups Accelerator, em outubro de 2020, para desenvolver ainda mais a plataforma. O início do programa coincidiu com uma rodada de investimentos do Glic e o time, inevitavelmente, cresceu.
Claudia conta que a participação no programa motivou uma forte união entre os times, algo que define como um benefício intangível do Accelerator. “Para aproveitarmos essa oportunidade da melhor forma, as áreas de produto, tecnologia, projetos e outras se engajaram no processo, aproximando as equipes mesmo em tempos de trabalho remoto”, relata.
Em termos técnicos, o Glic aproveitou o programa para reformular o projeto e suas bases de tecnologia, revisando banco de dados, investindo em armazenamento de informações mais inteligentes, entre outros.
“Com o apoio dos engenheiros do Google, estamos revendo a escalabilidade da aplicação para torná-la ainda mais efetiva. As mentorias e o networking que estabelecemos até com outras startups da rede do Google for Startups foram muito importantes para esse processo de 'arrumar a casa' para tornar a experiência do cliente ainda melhor”, explica Gabriel.
O próximo passo é implementar no aplicativo uma funcionalidade que é capaz de identificar, por foto, os alimentos que estão no prato e estimar a quantidade de carboidratos presentes na refeição. Com essa identificação, a plataforma consegue estimar automaticamente a quantidade necessária de insulina para regular a glicose no sangue.
Atualmente, 60 mil usuários estão ativos na plataforma e o Glic ainda é o único aplicativo recomendado pela Sociedade Brasileira de Diabetes para um melhor tratamento da doença.
Além do público final, o Glic também quer ajudar grandes empresas a oferecerem suporte para os funcionários que fazem acompanhamento glicêmico. A startup já tem parceria com as principais companhias farmacêuticas no setor de insulinas e deve incluir um e-commerce dentro da sua plataforma para oferecer kits de controle glicêmico para os pacientes, com planos de assinatura.