A iSPORTiSTiCS conquistou o mundo dos esportes com algoritmos próprios projetados para múltiplas audiências
Os esportes têm um grande apelo emocional e cultural. Aqui no Brasil, uma pesquisa da Ipsos mostrou que 74% das pessoas têm interesse por esportes. Seja com exibição de campeonatos, comércio de roupas e acessórios, aulas e torneios, ou qualquer outra forma de consumo, esse mercado movimenta US$ 756 bilhões globalmente todos os anos, de acordo com a Sports Value. Só em patrocínios são mais de US$ 65 bilhões.
Os executivos do mercado financeiro Vinícius Gholmie, Rafael Vieira, Maurício Arima e Carlos Gamboa, são fãs de esportes e estavam bem cientes do potencial que essa paixão tinha para muito além de um hobby. Por isso que, em 2018, se juntaram para fundar a iSPORTiSTiCS, startup voltada para o uso de inteligência artificial em vídeos esportivos.
“Nosso objetivo é levar o mesmo padrão de qualidade de inteligência, produção e cuidado de ligas mainstream para a base da pirâmide. Por que só é entregue esse tipo de conteúdo na NFL, na Premier League e não no campeonato brasileiro ou em esportes como vôlei ou natação?”, conta Vinícius Gholmie, fundador e co-CEO da iSPORTiSTiCS.
A startup oferece serviços baseados em inteligência artificial que interpretam vídeos esportivos a partir de óticas diferentes, dependendo da necessidade do cliente. Eles incluem o reenquadramento automático de câmera, captura de highlights, insights gráficos de desenhos táticos, inserção de mídia, captura de dados de desempenho, e identificação e trackeamento de objetos, como logotipos de marcas. Todas essas funcionalidades são aplicáveis para 36 modalidades esportivas, desde futebol, vôlei e basquete, até tênis de mesa e hipismo de salto. Entre os projetos da empresa já se encontram marcas como NWB/Desimpedidos e Ambev, clubes como Athletico Paranaense, Vôlei Taubaté, e campeonatos como a Copa do Nordeste, Brasileiro Feminino, Liga Portugal, Copa SP Jr. (FPF) e a Stock Car.
A iSPORTiSTiCS já nasceu com uma proposta global, tendo como seu primeiro projeto a Federação Internacional de Voleibol, sediada na Suíça. Quatro meses após a abertura da startup, a sede já era definida em Londres, na Inglaterra. “A paixão por esportes atravessa fronteiras e a demanda por mais qualidade na cobertura de eventos esportivos também. Gosto de brincar que somos uma empresa brasileira porque nós quatro nos encontramos no Brasil. Se tivéssemos nos encontrado em Madagascar, seria uma empresa de lá, e nada mudaria na aplicação dos negócios”, conta o fundador.
Apesar da sede ser em Londres e a empresa também ter operações nos Estados Unidos, Portugal, Espanha, França e Alemanha, além do Brasil, os quatro fundadores mantêm uma preocupação em fomentar o desenvolvimento de tecnologia no país, priorizando a contratação de brasileiros, principalmente para o time de programadores.
Um golaço com algoritmos
Antes de conquistar o mundo com sua inteligência artificial, a iSPORTiSTiCS participou do Startup Zone, programa do Google for Startups para empresas de estágio inicial, ainda em 2018, pouco tempo depois da sua fundação. Foi essa experiência que ajudou a moldar o formato de negócio e fornecer a base necessária para o desenvolvimento dos algoritmos próprios sobre os quais são construídos os serviços da marca.
“Ter o apoio do Google desde o nosso primeiro semestre de empresa nos deu mais força para chegar aos resultados que atingimos até aqui. Olhando para o mercado, sinto falta de mais programas que abracem startups em early stage e vejam o potencial delas como o Google for Startups viu o nosso”, opina Vinicius.
Já mais recentemente, no primeiro semestre de 2020, a startup participou do Google for Startups Accelerator, programa de aceleração que ajuda startups em estágios já mais avançados do negócio a endereçarem desafios tecnológicos. Para a iSPORTiSTiCS, o objetivo era atender desafios de otimização dos algoritmos e descobrir novas ferramentas de treinamento.
O resultado foi a criação de soluções desenvolvidas pela própria iSPORTiSTiCS, usando tecnologia do Google, para otimizar a inteligência artificial de vídeo. Com elas, se tornou possível diminuir o tempo para detecção de jogadores em tela em 99,8%, aumentar o número de imagens registradas por semana de 500 para 10 mil, e ganhar 35% em precisão de reconhecimento de movimentação nos vídeos. Também foi desenvolvido um serviço de reconhecimento de voz e áudio, com aplicação em traduções e multilinguagem de eventos esportivos, que deve ser implementado nos próximos meses.
Além dos elementos de tecnologia, outra mentoria de grande valor para a startup foi referente à gestão de pessoas, com ênfase na montagem de squads. Durante a aceleração, a iSPORTiSTiCS contava com 11 funcionários e, atualmente, esse número já subiu para 24, com previsão de triplicar esse número no próximo ano. “Com um ritmo de crescimento tão acelerado, foi importante entender como se organizar para continuar fortalecendo a cultura de trabalho”, explica Vinícius.
Hoje a startup funciona com um sistema de rodízio entre o time de desenvolvedores para que cada um deles interaja com a maior quantidade de soluções possível. O objetivo é motivar os programadores, que aprendem habilidades e técnicas novas, e também trazer diversidade para todas as soluções, que ganham com os novos pontos de vista. “A mentoria foi imprescindível para não nos prendermos a formatos que muitas empresas de tecnologia costumam se prender, com squads específicos para cada solução”.
De olho no futuro
Com os novos algoritmos produzidos durante o Google for Startups Accelerator, a iSPORTiSTiCS já conquistou novos clientes, como o YouTube, e mais que dobrou o time. Atualmente, eles também passam por uma rodada de investimentos de 2 milhões de libras – o equivalente a cerca de 15 milhões de reais. Para o futuro, os planos são grandes: atingir 70 funcionários até 2022, aumentar o número de mestres e doutores no time por meio de parcerias com universidades internacionais, e conseguir mil clientes recorrentes até o fim de 2024.