Como as startups estão agindo em meio à pandemia?
[Tempo de leitura: 8 minutos]
Conversamos com as startups Fhinck, participante da 3ª turma do Programa de Residência; Social Miner, participante da 2ª turma do Programa de Residência; e Creators, participante da 2ª turma de 2019 do Startup Zone e, também, da 5ª Turma do Programa de Residência; para entender como elas estão se adaptando a esse cenário de quarentena e pandemia, e que ações estão tomando para ajudar outras empresas.
O tal do home office
Uma das principais adaptações é colocar toda a equipe em home office. A experiência com colaboradores remotos foi um dos segredos da Social Miner para tornar essa mudança mais suave. “Um ano e meio atrás, a gente começou um projeto de contratação de desenvolvedores remotos, por causa de desafios de mão de obra qualificada em tecnologia. Quando entramos neste período de ficar em casa, eu chamei um desses desenvolvedores para fazer uma live para a empresa inteira dando dicas de como lidar com a nova rotina”, conta Ricardo Rodrigues, fundador da startup especialista em marketing digital.
Para Paulo Castello, fundador da Fhinck, com a equipe toda de casa é fundamental acompanhar mais de perto cada um dos funcionários, não só em relação às atividades do trabalho, mas também para checar como estão se sentindo com tudo que está acontecendo, mantendo a mesma cultura de comunicação e colaboração de quando estavam todos no mesmo ambiente.
“A gente vê muito mais coisa no corpo do que na fala. Você entende mais o ser humano quando está um ao lado do outro. Hoje, na câmera, eu não consigo perceber nuances, fazer leituras se tal pessoa precisa de mais atenção etc. Por isso a importância de estar sempre acompanhando cada um”, afirma Paulo.
“É comum você trabalhar mais do que precisa e a saúde mental vira um problema. As pessoas concordam que estão mais produtivas, mas que não conseguem parar. Passamos a mandar dicas de como se desligar. Começamos também com ginástica laboral virtual. Criamos reuniões temáticas, fizemos até de moda praia. Tudo para manter a cultura do nosso escritório, mesmo à distância”, conta Ricardo.
Planejamento e adaptação
Assim que o coronavírus ganhou destaque no noticiário e na economia brasileira, Paulo Castello entendeu que precisava se preparar. “A gente se adaptou em dez dias. Hoje, ainda vejo startups sofrendo com isso, fazendo ajustes. A gente sofreu montando o plano. Na época, fiquei bastante inseguro, porque não sabia se estava fazendo besteira. Pensamos no que podíamos fazer sem mexer em pessoas, pois tínhamos 11 pessoas com menos de um mês (de casa). Entramos em abril com os custos já reduzidos”, explica.
Para o CEO da startup que oferece ferramentas de gestão de equipe e melhorias de produtividade, ter se preparado para o pior cenário foi essencial. “Não conseguimos fazer uma leitura imediata de que o home office aumentaria muito com a quarentena, e que isso, no fim, seria bom para nós, pois estamos com uma maior demanda dos nossos serviços. Ter feito cálculos mais pessimistas foi importante. Hoje estamos navegando num mar revolto, mas já mapeamos as surpresas que podem vir e estamos prontos”, completa.
Entendendo o outro
Neste momento também é necessário analisar a situação de outros players envolvidos no seu negócio. Foi isso que fez a Creators, startup que conecta profissionais autônomos a empresas que precisam de trabalhos criativos sob demanda. “Estamos conversando com os freelancers, pois acreditamos que será uma categoria muito afetada. Marcamos um papo com uma profissional na Itália, que está há 40 dias confinada. Depois vamos compartilhar com o resto da comunidade”, conta a cofundadora Nohoa Arcanjo.
A Creators percebeu que freelancers criativos serão fundamentais no pós-crise e está criando estratégias para que eles se preparem. “Fechamos uma parceria com o projeto Pimp my Portfolio, para esses fornecedores conseguirem utilizar este período para investirem em si mesmos. Vimos também um espaço para educação do mercado para serviços remotos e sob demanda. Essas palavras não eram muito bem compreendidas antes”, completa Nohoa.
A Social Miner foi outra que percebeu que poderia auxiliar alguns de seus clientes. “Criamos um guia de comunicação empática para ajudar o mercado sobre o que falar e sobre o que não falar. Dizemos para todos tomarem cuidado com as metáforas. Não usar, por exemplo, 'ofertas matadoras'. O manual está disponível de forma aberta, sem objetivo de gerar lead”, explica Ricardo.
Ajude quem puder
O apoio nesta crise pode surgir dentro do próprio ecossistema. “O que tem acontecido é que a gente tem compartilhado entre fundadores muitas práticas. Eu contei como anunciei as decisões para a empresa, como fiz um plano de contingência. Fizemos um milhão de lives, calls e webinars para compartilhar um pouco disso”, completa Ricardo.
Paulo explicou que também teve apoio de mentores do ecossistema e que isso o incentivou a retribuir apoiando outros empreendedores. “Pedimos um crédito para o Google, que vai nos ajudar por mais dois meses. Essa é a questão da comunidade. Quando vimos a força do impacto do nosso produto neste momento, falamos: 'vamos ajudar?' Fizemos uma força tarefa para adaptar a ferramenta para empresas menores, com menos funcionários, e hoje estamos oferecendo licenças gratuitas para startups da rede do Google for Startups e de outras aceleradoras”, conta.
“Uma lição aprendida é que você vai saber quem é que está ao seu lado nas horas mais difíceis. Ajude o máximo que puder, pois um dia é você quem pode precisar de um amparo. Cuide do seu time. Crises passam”, conclui Paulo.
Saiba mais sobre a Social Miner e a Creators
Acompanhe as startups nas redes sociais: