Aberta a novas ideias e realidades: como as mudanças nos escritórios transformaram o trabalho da Yoobe
Durante a pandemia, foi indispensável criar para os colaboradores, mesmo à distância e de casa, a sensação de “fazer parte de algo ou de algum lugar”. Foi justamente essa necessidade que se mostrou uma oportunidade de negócio para Genau Lopes Jr, fundador da startup Yoobe Corporate.
“O funcionário precisa sentir que está trabalhando por um propósito, afinal ele foi contratado para fazer parte dessa cultura”, defnde Genau, que fundou a empresa em parceria com Gabriela Davis, em 2020. A plataforma é responsável por gerenciar desde o processo de criação e produção até as entregas de produtos corporativos físicos, digitais e perecíveis para colaboradores de empresas que estão trabalhando de forma remota, híbrida ou até mesmo presencial em todo o mundo.
Mas nem sempre o negócio teve esse feeling. Foi preciso se adaptar.
“Quando a gente começou o projeto da Yoobe, ele era voltado para o business to consumer, ou seja, o consumidor final. Mas tivemos alguns insights dos nossos primeiros investidores e começamos a perceber o que estava acontecendo no mercado: pessoas saindo do escritório para trabalhar de casa e perdendo a conexão com as suas empresas”, explica. O déficit não foi observado apenas nas empresas no entorno. Genau sentiu na pele quando teve que lidar também com o isolamento da sua própria equipe. “Éramos apenas seis pessoas no time, e isso gerou uma necessidade de perceber quais eram as principais demandas de cada uma delas trabalhando remotamente.”
Colocar-se na posição de observador e pesquisador de mercado revelou a Genau dois gaps principais: de um lado o emocional, acarretado por todas essas grandes mudanças no universo corporativo, e do outro a crise econômica, ainda inicial. “Nosso trabalho era fazer com que o funcionário se sentisse acolhido, proporcionando experiências únicas, além de gerar renda para produtores e artistas”, conta.
A perspectiva solidária da Yoobe Co. proporcionou benefícios para todos que se envolveram no projeto. Os processos de onboarding e as ações das empresas em busca da disseminação do pertencimento e de seus valores e propósitos tornaram-se mais efetivos. Em consequência, pequenos produtores e artistas, como serigrafistas e artesãos, foram favorecidos e puderam comercializar produtos e expandir suas ideias para empresas que se identificavam com seus trabalhos, conectando-se por meio da plataforma da Yoobe.
Apesar do trabalho minucioso de Genau e da sócia Gabriela, ainda havia um desafio: conseguir apoio e investimento para viabilizar todas as ideias para além do que já vinha sendo feito. “Sem ajuda nós não conseguiríamos chegar ao lugar que objetivamos. Então, naquele momento, vimos a oportunidade de poder contar com a ajuda do Google for Startups, através do Black Founders Fund, e eu diria que chegou na hora certa”, relembra o fundador.
Impulsionando um negócio e um propósito social
“Eu nunca tinha recebido kit de boas vindas, só criado e oferecido para outras pessoas”, brinca Genau.
Quando a gente recebeu o kit do Black Founders Fund foi muito emocionante. Eu realmente me senti acolhido, e lembrado. Isso para mim foi tão forte que senti ainda mais que poderíamos executar o plano que queríamos e em uma escala muito maior.
Welcome Kit presenteado para a Yoobe no momento em que passaram a fazer parte da iniciativa Black Founders Fund
Além do apoio institucional, Genau não deixa de destacar a importância do investimento recebido. Afinal, a dificuldade na captação de recursos financeiros ainda é um dos maiores obstáculos enfrentados por afroempreendedores no ecossistema de startups. Uma pesquisa divulgada pelo Sebrae em 2021 mostrou que 51% dos empreendedores negros buscaram por empréstimos durante a pandemia. Desses, 47% tiveram o acesso negado.
“Em parceria com uma empresa europeia, conseguimos uma licença que ajudaria nossos clientes a desenvolver e explorar produtos customizados, mas não tínhamos como bancar e já estávamos pensando em fazer sacrifícios. Foi quando entrou o investimento do Google e conseguimos implementar mais essa conquista.”, relembra Genau.
Uma rede de aprendizado e construção
Além dessa implementação da licença a ser usada na plataforma, o investimento também foi alocado pela startup na contratação de novos colaboradores. “O número de funcionários dobrou. Começamos com cerca de seis pessoas no time e já são 13”, destaca o fundador. Para Genau, ter pessoas no seu time para quem ensinar – ou com quem aprender – é motivo de muita satisfação.
“Eu sempre fui um autodidata por necessidade, porque antigamente não tinha muitos recursos. Além disso, meus pais não tinham condições de me colocar em cursos de computação ou até mesmo de inglês. Grande parte do meu aprendizado foi conquistado com esforço próprio, correndo atrás.”, defende Genau.
Cerca de 80% dos colaboradores da startup estão em sua primeira experiência de emprego, inclusive pessoas que hoje ocupam cargos na gerência ou como programador. Todos eles têm a oportunidade e, principalmente, o apoio moral e financeiro da Yoobe para fazer cursos dentro e fora da empresa. Foi a forma encontrada pela startup para driblar a falta de pessoas qualificadas no mercado para trabalhar com tecnologia. O negócio segue o pensamento de que se ainda não há pessoas qualificadas, é necessário investir em capacitação, a fim de criar oportunidades.
Aqui dentro todo mundo tem espaço para crescer. Nós damos espaço para que todos saibam um pouquinho de todos os processos e isso é muito legal, porque a gente gosta de proporcionar o aprendizado para a pessoa, mas também é interessante que ela coloque isso em prática, e isso ela levará para a vida .
Expectativas para o futuro
- Introduzir novos artistas e produtores na plataforma, principalmente os que vivem à margem da economia;
- Levantar a nova rodada de investimentos;
- Atingir até 2023 a meta de 400 clientes corporativos dentro da plataforma, totalizando cerca de 80 mil funcionários a serem impactados pela Yoobe.
Mas não vale esconder: com toda expectativa, também vêm os desafios. Porém, Nathalia Trentini, gerente de Marketing da Yoobe, já adianta o pensamento de toda a equipe: “A gente não sabe tudo, estamos descobrindo juntos. Esses altos e baixos que nunca enfrentamos na vida, são uma das coisas mais legais e desafiadoras de se trabalhar numa startup. Tem que resolver para chegar onde a gente sonha? Então vamos.”